Oscilações nos preços agrícolas desafiam até o mais experiente produtor rural. Num dia, soja, milho, algodão e boi gordo batem recordes. No outro, uma notícia ou clima adverso derruba tudo. Gerenciar esse risco se tornou fundamental. E quando o objetivo é mitigar perdas sem abrir mão do potencial de ganho, a estrutura put spread ganha destaque – combinando proteção e custo acessível, o que pode fazer diferença no caixa.
O que é o put spread?
Pense em duas opções de venda (“put”). No put spread, o investidor compra uma opção de venda com preço de exercício (strike) mais alto e vende outra com strike menor, ambas com mesmo vencimento. Assim, cria-se uma faixa de proteção: prejuízos entre esses dois preços são limitados, mas o custo da operação (prêmio líquido) também é reduzido, pois a venda compensa parte do valor desembolsado na compra.
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Proteção com custo controlado e limitações claras.
Segundo dados do mercado de commodities, a volatilidade é influenciada por fatores como clima, movimentos de fundos de investimento, políticas e, principalmente, o volume negociado, conforme dissertação sobre mercados futuros agropecuários. Diante desse cenário incerto, faz sentido buscar alternativas como o put spread para defender margens e garantir melhor previsibilidade.
Como funciona na prática: soja, milho, algodão e boi gordo
Cada commodity apresenta riscos próprios, mas a lógica do spread de opções de venda é semelhante:
- Escolhe-se um strike de proteção (mais alto) para comprar a opção de venda.
- Define-se um strike limite (mais baixo) para vender a segunda opção de venda, reduzindo o custo da estratégia.
- Ambas as opções precisam ter o mesmo vencimento, vinculadas ao contrato futuro do produto relevante.
Imagine um produtor de soja em Mato Grosso, temendo quedas bruscas após uma safra cheia. Ele decide estruturar um put spread com as seguintes opções:
- Compra de put strike R$ 150/saca (protegendo de quedas abaixo desse preço)
- Venda de put strike R$ 135/saca (limitando o ganho máximo, mas reduzindo o custo)
- Prêmio líquido desembolsado: R$ 3/saca (diferença entre o que se paga e o que se recebe pelas opções)
Se, no vencimento, a soja estiver:
- Acima de R$ 150: perda é só o prêmio (R$ 3/saca).
- Entre R$ 150 e R$ 135: para cada real abaixo de R$ 150, o spread compensa até R$ 135 – limite da proteção.
- Abaixo de R$ 135: ganho na estratégia fica travado na diferença entre strikes (R$ 15/saca), menos o prêmio pago.
Com o spread de opções, o produtor já sabe o pior cenário.
A aplicabilidade é idêntica para milho, algodão e boi gordo, cujos contratos e opções têm liquidez crescente, dada a relevância desses produtos no mercado brasileiro. Só para se ter dimensão, dados do VBP da agropecuária em 2019 mostram soja e milho entre os principais geradores de receita.
Além disso, a proteção de preços via hedge já faz parte do planejamento de quem atua em cadeias produtivas relevantes. O put spread, nesse contexto, favorece produtores que buscam equilíbrio entre segurança e custo, principalmente frente a oscilações intensas provocadas pela participação de fundos especulativos, cuja fatia ultrapassou 64% em certos picos, segundo análise sobre influência dos fundos de investimento.
Ganho, perdas e os principais cálculos
Para calcular o resultado final de um put spread:
- Some o prêmio pago (opção comprada) e o prêmio recebido (opção vendida).
- O custo efetivo é esse valor líquido.
- O ganho máximo ocorre se o ativo terminar abaixo do strike vendido, e corresponde à diferença entre strikes, descontado o prêmio.
- A perda máxima é o prêmio líquido pago – caso não exercido.
Exemplo numérico rápido (milho):
- Compra put strike 60, prêmio R$ 2,70
- Venda put strike 55, prêmio R$ 1,00
- Custo: R$ 1,70/saca
- Se milho fechar a R$ 55 ou menos, o ganho no spread é R$ 5,00 – R$ 1,70 = R$ 3,30/saca
- Se fechar a R$ 58, produtor exerce parcialmente e reduz a perda
O spread limita a dor, sem eliminar todo o risco.
Custos, liquidez e riscos do exercício
Um dos grandes atrativos do put spread é o custo total, significativamente menor do que comprar apenas uma opção de venda. Contudo, é preciso atenção para:
- Liquidez do mercado: Opções fora do dinheiro podem ter spread elevado entre compra e venda. Procure strikes próximos de onde há negociação.
- Risco de exercício antecipado: Se a volatilidade aumentar muito ou surgir evento inesperado, há possibilidade de uma das pernas ser exercida antes da data limite – principalmente em commodities que admitem exercício americano.
- Custo financeiro: O prêmio pago, mesmo reduzido, é custo fixo; deve ser considerado no orçamento da safra.
- Limitações de proteção: Não protege quedas abaixo do preço da opção vendida.
Vale reforçar: nem sempre todas as commodities oferecem ampla liquidez para montar spreads ideais, especialmente em prazos muito longos ou strikes distantes da cotação do mercado futuro. Para aprofundar o tema, pode ser interessante consultar orientações específicas sobre efetividade do hedge de commodities agrícolas.
Quando faz sentido? E quais pontos de atenção?
O put spread contribui especialmente para :
- Produtores que não querem travar todo o potencial de alta
- Gestores que priorizam caixa e querem evitar grandes desembolsos com seguro ou opções simples
- Agricultores atentos ao planejamento de fluxo e margens mínimas viáveis
Como qualquer derivativo, há pontos de atenção:
- Analisar o impacto tributário, pois operações com opções podem ser tratadas diferente de físicas
- Monitorar constantemente as posições para agir caso o mercado apresente oscilação intensa perto do vencimento
- Evitar montar spreads muito “estreitos”, pois ganhos podem não compensar custos em cenários de baixa volatilidade
Além disso, políticas governamentais, volatilidade climática, e até fatores externos, como o uso do milho na produção de etanol nos EUA e Brasil, podem gerar impactos amplos nos preços das commodities, reforçando ainda mais a utilidade do put spread como ferramenta de hedge. Para entender melhor como variações externas afetam essas culturas, vale considerar os principais fatores que influenciam o mercado.
Put spread no planejamento comercial do agro
No contexto do planejamento do agronegócio, o spread de opções de venda é alternativa relevante para:
- Garantir uma linha de base para o preço de venda sem abrir mão da flexibilidade
- Agregar previsibilidade de caixa para investimentos futuros
- Evitar surpresas desagradáveis ao fechar contratos físicos
Nesse sentido, contar com informações estratégicas e suporte contínuo, como os oferecidos pela HEDGE AGRO, pode ser o diferencial para escolher o melhor momento e a configuração mais adequada da estratégia, seja para soja, milho, algodão ou boi gordo. Para aprofundar o entendimento e comparar alternativas de proteção, estudar diferentes estratégias de hedge é um passo que amplia a segurança do negócio.
Tomar decisão antecipada traz tranquilidade para o produtor.
Se tudo parece complexo demais, vale a pena buscar apoio de profissionais especializados. Empresas como a HEDGE AGRO compartilham orientações para uma gestão de riscos eficiente, ajustando soluções às particularidades de cada produtor, consultor ou gestor agro.
Conclusão
A decisão de incluir um put spread no planejamento do agronegócio precisa ser ponderada, considerando liquidez, perfil de risco e objetivo financeiro. Apesar de limitar parte do potencial de proteção se comparado à compra isolada de puts, traz economia de custos e amplia acesso à gestão ativa do risco de preços. Muitas vezes, é um caminho do meio – nem trava total, nem fica exposto sem limites.
Quer tornar o seu negócio agrícola mais seguro e preparado para imprevistos? A equipe da HEDGE AGRO pode ajudar a criar, monitorar e ajustar estratégias personalizadas de proteção de preços. Fale com quem entende do seu mercado, amplie sua visão e leve seu resultado para outro patamar.
Perguntas frequentes sobre put spread
O que é uma operação de put spread?
É uma estratégia em derivativos, muito usada no agronegócio, onde se compra uma opção de venda com strike mais alto e vende outra com strike mais baixo, ambas para o mesmo vencimento. Dessa forma, limita-se a perda e também o custo, criando uma faixa de proteção contra quedas acentuadas nos preços das commodities.
Como funciona a put spread em commodities?
Funciona protegendo o produtor: se o preço da commodity cair abaixo do strike da opção comprada, ele é compensado até o strike da opção vendida. Se a queda for ainda maior, o ganho fica travado. Ela reduz o custo porque parte do prêmio pago na compra da put é compensado pela venda da outra put, limitando também o potencial máximo de proteção.
Quais são as vantagens do put spread?
As principais vantagens são: custo menor comparando à compra isolada de opções de venda, previsibilidade da perda máxima, possibilidade de calibrar a faixa protegida conforme o perfil do produtor e flexibilidade para ajustar ao planejamento comercial. Ela também favorece o controle financeiro, algo valorizado por produtores e consultores que querem antecipar cenários de risco.
Put spread é melhor que seguro rural?
Depende do objetivo. O put spread cobre risco de preço de mercado, não eventos climáticos ou fatores de produção. Já o seguro rural é voltado para sinistro físico. Muitas vezes, ambos são complementares: o put spread protege a receita diante de volatilidade do preço, o seguro protege a lavoura diante de perdas na produção.
Quando vale a pena usar put spread?
Vale a pena quando há expectativa de forte volatilidade negativa nos preços da commodity, mas o custo do hedge tradicional pesa no orçamento. Também faz sentido quando o produtor não quer perder toda a possibilidade de alta, ou não deseja travar uma venda futura integral. O spread é especialmente útil para quem quer proteger margens mínimas sem desembolsar grandes valores.